Há mais de um quarto de século que se vem consolidando uma concepção de Tecnologia Educativa (TE), entendida não como o simples uso de meios tecnológicos mais ou menos sofisticados, mas como uma forma sistemática de conceber, gerir e avaliar o processo de ensino aprendizagem em função de metas e objetivos educacionais perfeitamente definidos. Nesse sentido, a TE interliga-se com a Teoria e Desenvolvimento Curricular (DC), onde encontra a cobertura conceitual para a sua forma de atuação no terreno educativo.
No entanto, no panorama pedagógico ocidental, os estudos adstritos a estes dois domínios estão representados por programas acadêmicos e de investigação perfeitamente consolidados e identificados como espaços de conhecimento pedagógico independentes, às vezes mesmo antagônicos, que, entre outros efeitos, propiciaram a que a TE por um lado e o DC pelo outro, concretizassem propostas teóricas e ações práticas nem sempre coincidentes.
Na era da globalização, em que é inquestionável o poder educativo das TICE, mas em que se sabe também que esse potencial depende do modo como professores e alunos as inserem no processo didático, parece importante lembrar que a tecnologia só faz sentido se usada com intencionalidade, ou seja, se corretamente integrada na concepção e desenvolvimento de todo um projeto curricular. Urge, pois, que estes dois domínios científicos se deem as mãos e definam linhas de atuação concertadas e coincidentes.
Onde se cruzam TE e Currículo
Sendo guiado por uma finalidade, um projeto curricular pressupõe sempre uma determinada concepção acerca do que é a EDUCAÇÃO (um ideal educativo), porque é com base numa meta que se concretiza um qualquer projeto; é precisamente aqui, na concretização de uma mesma finalidade educativa, que a TE se cruza com o Currículo, integrando-o, constituindo-se como que o seu braço "operacional" para as questões da comunicação educativa: (A TE) analisa o currículo (prescrito, apresentado e realizado) em termos comunicacionais (códigos, discursos, linguagens, direções e contextos) e preocupa-se em investigar o desenho das estratégias comunicacionais tendo em vista a intervenção no processo educativo com um sentido de otimização, ou seja, conseguir o melhor em função dos objetivos propostos pela comunidade educativa.
Nessa ordem de ideias, faz todo o sentido analisar o percurso e a evolução do domínio científico da TE articulado com a perspectiva curricular, já que este exercício nos pode ajudar a obter a visão mascroscópica da realidade educativa em que a TE se insere e na qual atua. Por isso se justifica uma abordagem, ainda que breve, às principais teorias curriculares salientando a forma como evoluíram acompanhando a reflexão paralela em torno da natureza do conhecimento e da aprendizagem (relação com os paradigmas educacionais), e concretizando, em cada momento desse processo evolutivo, um projeto educativo específico, uma concepção de comunicação (relação com a TE em sentido amplo) que se refletiu nas diferentes funções/papéis que os média tecnológicos foram desempenhando no processo didático (relação com a TE num sentido restrito),
5 comentários:
Estes dois seguem caminhos diferentes, pela dificuldade que tem a escola de entender que eles podem ser complementares. Enquanto isso, os esforços são redobrados, o trabalho duplicado pela falta de pontos de encontros entre tecnologias educativas e currículos.
"Importante lembrar que a tecnologia só faz sentido se usada com intencionalidade, ou seja, se corretamente integrada na concepção e desenvolvimento de todo um projeto curricular. Urge, pois, que estes dois domínios científicos se deem as mãos e definam linhas de atuação concertadas e coincidentes".Esta é sem dúvida na minha opinião a idéia principal e que diz tudo as novas tecnologias estão ai para auxiliar educando e aducador no processo ensino-aprendizagem.
Fernanda martins
As TE estão presentes em nosso meio educacional, ainda que muitas vezes deficitárias em manutenção etc.Temos que saber colocá-las para trabalhar com o currículo, com harmonia, com objetividade, com foco.Senão fica difícil.
Antonio
As tecnologias na educação são ferramentas que visam enriquecer as práticas pedagógicas, não podemos confundi-lás com objetos desnecessários e banaliza-las, devemos sim adequa-lás as nossas necessidades.
Eleonora Centena
Olá,
Li o texto "Tecnologia educativa e curriculo: caminhos que se cruzam ou se bifurcam?" (2006) da professora Clara P. Coutinho e posiciono-me de forma bastante preocupada com a intencionalidade de "criação" de um currículo para o uso das Tecnologias Educativas, pois, apesar de saber que que há intencionalidades positivas com a "universalização" das tecnologias nas escolas brasileiras ainda assim preocupo-me com o possível engessamento desse meio de comunicação e aprendizagem que tanto pode enriquecer a prática docente.
Pois isso poderia imputar no modelo tradicional de centralizar as informações, ao invés de deixar "acontecer" a descentralização do níveis de decisões, de aprendizagem assim como cita a autora, uma vez que,é
no domínio da decisão, da avaliação, da
liberdade, da ruptura, da opção que se impõe a responsabilidade (...) a autonomia vai se construindo na experiência de várias inúmeras decisões que vão sendo tomadas” (Freire, 1
997). Portanto, questiono e reflito bastante sobre a real intencionalidade de construção de uma currículo para as tecnologias educacionais, mesmo que essas sejam construídas na forma de um hipertexto como sugere a autora do texto em questão
Jackelyne R. C. Morais
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